SÁLVIA-ESCLAREIA, UM ÓLEO PARA DEPRESSÃO E A SEXUALIDADE
Trecho do livro “Aromaterapia para todos” de Robert Tisserand – Editora Laszlo
“SÁLVIA – ESCLAREIA
Nome científico: Salvia sclarea
Família: Labiatae
Essência extraída de: ervas e flores
Cultivada em: França
Odor: herbáceo e floral
Usos mais comuns: depressão, frigidez, cólicas menstruais, síndrome pré-menstrual, infecções da garganta.
A sálvia-esclareia é botanicamente relacionada à sálvia comum, mas os dois óleos essenciais são bem diferentes e não devem ser confundidos.
A sálvia-esclareia cresce na Inglaterra e é amplamente cultivada nas regiões meridionais da Rússia para produção de seu óleo essencial, mas o óleo russo é inferior ao francês.
Acredita-se que clary sage, seu nome em inglês, seja uma alteração de clear-eye, “limpa olhos”, denominação de uma mucilagem feita com suas sementes para remover corpos estranhos do olho.
A planta era bem conhecida nos tempos antigos e tem tradição no uso medicinal. Na época dos Tudor, as folhas eram mergulhadas em massa ligeiramente líquida e fritas para serem servidas com carne ou omeletes. Na forma de sachês, eram usadas em caldos gordurosos, e na forma de pot-porrim incrementavam geleias de frutas. De acordo com uma fonte, na Jamaica, as folhas dessa planta eram cozidas em óleo de coco para fazer um antídoto contra picadas de escorpião.
Na Alemanha, essa planta é conhecida como Muskatellersalbei ou sálvia-moscatel. Foi utilizada por séculos pelos mercadores de vinho alemães, que a acrescentavam ao vinho de Reno, para lhe dar o sabor de vinho moscatel. De acordo com um autor (1822), também foi usada no passado pelos fabricantes de cerveja ingleses para “sofisticar a cerveja, proporcionar um considerável amargor e propriedade inebriante, que produzia um efeito de animação dos espíritos, ao que sucedia severa dor de cabeça”.
Outro autor, do século 17, escreve: “Alguns cervejeiros de fato a colocam em sua bebida para torna-la mais inebriante, adequada a agradar a bêbados, os quais, por meio disso, de acordo com suas diversas disposições, caem de bêbados, ficam idiotas, ou loucamente embriagados” (citado por Tisserand, 1997).
A sálvia-esclareia é certamente um dos óleos essenciais mais efetivamente euforizantes, e de todos os óleos que conheço, o que tem efeito mais parecido ao de uma droga. Contudo, somente sentir o cheiro do óleo por alguns momentos não é suficiente para causar tal efeito, e o óleo deve evaporar no ar ou ser utilizado em massagem. A primeira vez em que o utilizei foi numa aplicação de massagem, e tanto eu quanto o paciente ficamos meio inebriados.
Essa minha vivência, porém, empalidece perto do que passou Gordon Haddock, um aromaterapeuta, que me escreveu contando o seguinte:
“Você me pediu que relatasse alguns resultados de tratamento com óleos essenciais. O mais dramático foi um tratamento que fiz com o óleo de sálvia-esclareia. Foi a primeira e última vez em que usei o óleo.
Meu paciente sofria de depressão aguda. Durante a terapia, ele se convenceu de que estava flutuando no ar e tinha de manter os óleos abertos por medo de bater a cabeça no teto! Mal eu terminei a massagem, tive de rastejar até um espaço livre no chão, onde desfaleci.
Voltei à consciência uma hora depois e acordei meu paciente com um pouco de café. O tratamento foi um sucesso total: o paciente saiu do consultório um pouco alto, sentindo-se leve.
Quando eu conceber alguma forma de máscara de proteção, vou pensar se utilizo esse óleo de novo!”
Respondi à carta de Haddock, querendo saber se ele, por acaso, não estava exagerando um pouco, e recebi uma resposta do paciente, que incluía os seguintes comentários:
“Posso confirmar que os resultados foram verdadeiramente avassaladores […] Ao final da massagem, que durou uma hora, nós dois dormimos por uma hora, pairando em uma bruma indistinta sob o efeito da erva. Os efeitos mais fortes duraram por três horas depois da conclusão da massagem”.
Incluí esses relatos porque ilustram de modo explícito os efeitos euforizantes da aromaterapia, muito melhor do que eu poderia fazê-lo com minhas próprias palavras. Quero assegurar, contudo, que a sensação de estar levitando e os fortes efeitos narcóticos descritos aqui são bem incomuns. A sálvia-esclareia é, sem dúvida, um dos mais eficientes óleos essenciais para o tratamento de depressão de todos os tipos.
Também se acredita que seja afrodisíaca. De acordo com Rovesti (1980), “o odor almiscarado das flores e do óleo essencial justifica sua aplicação com finalidade erótica, para o que é muito eficaz”. Não há dúvida de que qualidades euforizantes e qualidades afrodisíacas estão de algum modo vinculadas. Suspeita-se de que a sálvia favoreça a liberação de adrenalina e tenha algum efeito nos hormônios sexuais, provavelmente estimulando a liberação de estrógeno.
Isso permite não apenas associá-la aos afrodisíacos, mas também aplicá-la a muitos distúrbios menstruais, como as cólicas e a síndrome pré-menstrual. No caso desta última, as propriedades euforizantes da sálvia-esclareia são de grande valia. O óleo essencial de sálvia também é sedativo e reduz a pressão arterial (ATANASSOVA-SHOPOVA; ROUSSINOV, 1970).
“Aromaterapia para todos”, de Robert Tisserand, compila história, pesquisas, estudos de casos e orientação sobre a aplicabilidade dos óleos essenciais na prática. É um guia e uma obra referenciada sobre Aromaterapia para acompanhar você no dia a dia.
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